quinta-feira, 11 de fevereiro de 2010

Há males que vêm por bem.

Desde que comecei no meu trabalho sempre fui avisada que o A. era um parvalhão. Insultava toda a gente, ninguém escapava.
Sempre que era necessário fazer uma determinada tarefa tínhamos de recorrer ao A. e todos os do meu grupo 'stressavam'.
Até que chegou à minha vez :) Comecei a fazer essa tarefa sempre que era necessário.
O A. sempre foi extremamente simpático comigo, mas apesar de tudo, quando era necessário falar com ele por telefone eu tremia...ele era mais de falar ao telefone que de escrever e-mails.
Eu sinceramente achava-o simpático.
Até ao dia em que o A. mostrou-me que o que se dizia dele era, de facto, verdade.

Foram uns 5 minutos onde me disse tudo e mais alguma coisa, pondo em causa o meu trabalho e o dos meus colegas entre outras coisas, eu simplesmente fiquei sem reacção ao telefone a ouvi-lo, bloqueei...se nestas situações na nossa própria língua já é complicado reagir quanto mais noutra que não é a nossa. Foi horrível.

Engraçado foi, que apenas comigo, depois de dizer tudo o que disse, me telefonou nos 2 dias seguintes a pedir-me desculpas, desculpas aceites por mim com um "no te preocupes" muito frio dito entre dentes.
Desde esse dia as minhas conversas com o A. mudaram. As confianças, da minha parte, acabaram. Sempre que o telefone tocava toda eu tremia, ainda mais do que antes, mas nunca o demonstrei...todas as minhas palavras eram medidas de maneira a dizer apenas o necessário. O A. talvez pensasse que eu pedisse para não voltar a ter de fazer essa tarefa que me obrigava a falar com ele, coisa que não aconteceu.
Foi talvez por isso que o A. passou a dizer aos meus responsáveis que só queria falar/contactar comigo (infelizmente para mim) quando tinha de contactar com o meu grupo de trabalho...foi talvez por isso que o A. nunca mais voltou a ser comigo o "parvalhão" que era com todos e que tinha sido naquele dia.

Cheguei mesmo a conhecê-lo em carne e osso, nesse dia, fez questão de perguntar a toda a gente onde é que eu me sentava para me vir cumprimentar pessoalmente...tal como ao telefone, fui simpática q.b.
Hoje devido a questões estruturais na empresa, foi o ultimo dia que tive que contactar com o A.
Senti-me aliviada...muito aliviada, para ser sincera.

Agradeço do fundo do coração ao A. por tudo o que ele me fez passar. Com ele aprendi uma coisa muito, mas mesmo muito importante; a ver o mundo do trabalho de maneira diferente e que as relações pessoais no emprego desenvolvem-se de maneira distinta das desenvolvidas noutros ambientes. Eu diria mesmo que "há males que vêm por bem".

5 comentários:

  1. Segue o meu lema: No trabalho não há amigos, apenas há colegas!!

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  2. No seguimento dos vossos comentários - no início da minha carreira profissional disseram-me uma coisa que nunca mais esqueci até hoje: estás aqui para trabalhar e não para fazer amigos.

    No entanto devo dizer que não são coisas incompatíveis. Tanto que assim é que por todas as empresas onde passei deixei amigos com quem ainda hoje convivo regularmente.

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  3. Jibóia Cega:
    Não são coisas incompatíveis, mas é necessário estar muito atento.

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  4. E eu que pensava que ia ter um final mais picante...

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